quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Fears

My worst fear? 
To be left alone, 
Without love or friendship
To be thrown away as garbage
And stand at the same place
Where everything began
Inside myself
My mind
My heart.


segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Asas

Lá estava eu novamente, e creio que pela última vez, na beira do precipício, sentindo aquela brisa gelada em meu rosto e ouvindo o som do mar batendo nas rochas bem abaixo de mim. Creio que seria uma queda rápida. Mas porque estou aqui novamente? A realidade e a verdade, também dita como vida, sempre foram duras comigo, sempre foi mais fácil escapar, viver em um mundo onde o impossível seria possível, onde, se eu estivesse no mesmo lugar que estou agora, apenas abriria um enorme par de asas negras e simplesmente levantaria voo e ascenderia aos céus onde nada poderia me alcançar e só restasse eu e minha própria essência.
Acostumado a tentar fugir da realidade, sempre bati de frente como que eu mais odiei, sempre tentei ser forte e me esconder atrás de máscaras e muros, barreiras e escudos invisíveis que eu mesmo criei para me proteger – um ser fraco e pequeno, dentro de uma casca grande e rígida mas, como tudo que existe, que um dia cederia. E cedeu.
Bati de frente comigo mesmo: fugi de meus instintos e cai uma vez no mesmo precipício que aqui estou, mas voltei. Um ser alado levantou-me com suas mãos pequenas e sutis então tentei novamente seguir. E segui. Aquilo que posso chamar que agora é meu anjo da guarda sempre me guiou desde que a conheci. Sim, Ela é meu anjo. Nem sempre seguia seus conselhos e caia novamente, mas lá estava ela, posta a me reerguer. Queria eu um dia ter aquelas asas e levantá-la tão alto quanto ela me levantou diversas vezes.
Bati de frente com o sábio e cai novamente. Descobri que não adianta apenas saber, temos de viver. Mas lá estava ela me guiando, me ajudando a viver. Suas lindas asas brancas, tão grande quanto as minhas negras que sempre vi em sonhos, me envolvendo em uma dança sem fim, em seu calor que me controlava com ternura e não me deixava de forma alguma.
Mais adiante depois de varias quedas que tive e que minha guardiã me levantou, bati de frente com ela. De frente com o que eu realmente deveria acreditar e seguir: meu coração, a mim mesmo, meu amor. Minha guardiã começou a me deixar, não conseguia ver mais suas asas ao meu redor e sim distantes. Cada vez mais distantes. Fiquei perdido sem ela e cai profundamente. Bati nas rochas da realidade e senti a frieza da água em meu corpo. Senti que estava sozinho.
Eu nunca fui nada sem ela desde que surgiu em minha vida e, por mais que negasse enquanto tentava nadar de volta para a praia, contra toda aquela  correnteza que hoje vi que na verdade era eu mesmo, meus sentimentos, voltava para as pedras. Voltava para a estaca zero.
Minhas asas surgiram novamente e lá estavam elas, negras e enrubescidas de algo que um dia acreditei ser todo o meu esforço, todo o meu sangue que dei para fugir do que realmente era verdadeiro para mim e voei. Voei até ela, precisei busca-la.

Com ela ao meu lado percebi que poderia tudo e estava certo. Mas o que eu faço aqui no penhasco novamente? Aqui encaro toda a realidade por qual passei e, agora que olho ao meu lado, vejo que nenhum de nós tem asas, sejam elas negras como a noite ou brancas como a neve, mas que posso contar com minha guardiã ao meu lado e que, por maior que seja o abismo em nossa frente, toda visão que tenho ao seu lado, é uma bela vista que vale a pena ser compartilhada com quem amo.


segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Ivok, a cidade das neves - Final Alternativo


     Era 6:20 da manhã de 12 de junho quando Joseph despertou em sua nova casa em Ivok, um país localizado ao norte oriental, onde a tecnologia se baseia à vapor. Abriu a janela e observou pela primeira vez na luz do dia a cidade onde tinha chegado na madrugada da noite anterior.
     Pessoas apressadas andando para todos os lados, grandes carros soltando vapor carregando uma quantidade exorbitante de pessoas, lojas no outro lado da calçada de sua casa. Olhou para o céu e viu uma grande mancha se movendo rapidamente. Estreitou seus olhos até conseguir ver o que era: um grande dirigível, que era novidade para aquele que só tinha visto aquela coisa enorme em fotos.
     Joseph era um rapaz alto e forte no meio de sua juventude, aproximadamente vinte e cinco anos, com cabelo curto e negro e sua barba por fazer. Em sua antiga cidade, que resolveu deixa-la devido ao seu trabalho como jornalista, não deixou nada para trás, nem sua antiga casa, que vendeu para um senhor que aparentava estar em seus setenta anos.
     Ele costumava escrever artigos para o jornal do país na coluna de mistérios, que foi esse tal motivo de Joseph vir para Ivok, onde estranhos suicídios tem acontecido um atrás do outro.
     Joseph encontrava-se particularmente excitado aquela manhã, então rapidamente pegou seu chapéu cinza e foi para a rua, onde se encontrava ainda mais pessoas do que ele tinha visto e neve nos cantos das calçadas. Aparentava que tinha sido removida por um meio mecânico. Avistou pequenos buracos na calçada no meio de pés que o atrapalhavam e percebeu pequenas gotículas de agua saindo. Era vapor. A calçada foi limpa com vapor! Maravilhado com as pequenas surpresas dessa cidade, decidiu-se a explorar um pouco mais o local onde resolvera passar um tempo para o seu novo artigo. Talvez o melhor de todos.
     Perambulando pela cidade, viu-se admirando grandes prédios construídos para ter a luz do sol durante o dia e tubulação de vapor para manter o aquecimento durante a noite. Tudo ali era perfeito. Mas era estranho, perfeitamente estranho. Rapidamente notou que os cidadãos de Ivok olhavam estranhamente para ele, como se algo estivesse pendurado em seus ombros e chamando a atenção de todos ali. Foi então que sentiu um sopro gelado na nuca. Joseph nunca tinha sentido aquilo antes, mas por ser um País ao norte, deveriam ser comuns rajadas de vento e ele não tinha se vestido apropriadamente para ficar até tão tarde, já que havia uma estranha regra no local. Ninguém deveria estar na rua ao anoitecer e Joseph não percebeu que estava anoitecendo. Voltou para casa e pôs-se a pensar em tudo o que viu aquele dia nas ruas comerciais e distritais por onde passou, com um copo de Whisky ao lado.
     No dia seguinte Joseph acordou com uma sensação diferente, uma sensação de peso em suas costas, mas não havia tempo para isso, ele tinha que começar a pesquisar sobre todos esses suicídios. Não haveria lugar melhor do que os próprios locais dos suicídios, sem se esquecer também de uma visita rápida nas famílias, necrotérios e a delegacia. Mas o dia não estava cooperando, pois parecia que uma tempestade se aproximava, então resolveu ser rápido e cauteloso.
     Eram seis cadáveres até agora. Um dia seria mais que o suficiente para ver a cena onde tudo aconteceu. Ao chegar no primeiro local, olhou em volta e nada de anormal. Mas um pequeno detalhe lhe chamou a atenção. O mesmo detalhe de seu primeiro dia na cidade porém havia algo de diferente: os pequenos furos da calçada onde deveria haver vapor para evitar o congelamento estavam todos congelados. Poderia ser algo que ocorre normalmente, já que era uma rede muito grande para tomar conta de cada metro de tubulação de todo o local. Anotou em seu caderno e prosseguiu para o segundo local.
     Nada de diferente também, mas não era um local público. Era um prédio abandonado e desativado. Ou seja, o sistema de aquecimento do prédio estava desativado. Talvez seja apenas coincidência, talvez não.
     O terceiro local chamou-lhe a atenção. Era um local aberto e bastante movimentado. O rapaz se suicidou na fonte da praça publica no meio da noite, quando mais nada funciona. Joseph começa a achar que realmente o sistema de vapor era apenas uma coincidência.
     O quarto local não tinha muito o que se ver. Era abaixo de uma ponte que dava acesso ao centro da cidade. Havia lixo aqui e ali, parecia que um sem teto vivia aqui. O local é mais gelado que o de costume, parecia que a cidade não cuidava realmente de todos os locais.
     O quinto local ficava afastado do centro. Nos arredores, perto das plantações, onde as pessoas degelavam tudo e viviam por conta própria. Uma pequena casa de alvenaria no meio do campo era tudo que alguém ia querer, de onde Joseph vinha, mas não ali. Dentro da casa havia uma moldura com a foto de uma pessoa, porém o vidro estava quebrado, impedindo de ver quem era.
     O sexto local ficava em uma ponte. Joseph apressou-se, já que estava anoitecendo e havia o toque de recolher. Olhou todo o local e não viu nada de diferente, apenas aquele riacho congelado abaixo da ponte. Ao virar-se para ir para a casa com suas anotações e estuda-las a fim de achar algo, deparou-se com a tempestade de neve que havia chegado antes que percebesse.
     No meio de toda aquela neve havia uma mulher alta, de cabelos longos e dourados. Joseph podia avistá-la e juraria que ela estaria sorrindo com aqueles lábios rosados e finos. Tentou gritá-la porém não houve resposta. Enquanto a tempestade de neve se aproximava, ele sentiu novamente um sopro gelado em sua nuca, mas dessa vez era totalmente diferente. Era uma mão de dedos finos e gelados. Ele podia sentir aquilo. Joseph assustado apressou-se e correndo, dirigiu-se o mais rápido o possível para sua casa e seu copo de Whisky rotineiro.
     Analisando seu caderno de anotações, Joseph não aguentava mais sua cabeça. Tudo girava em relação ao sistema de aquecimento. E aquela mulher? Quem era ela? Porque estava no meio de uma nevasca? E o arrepio como se fosse uma mão congelada? Essas perguntas estavam matando Joseph por dentro, até que ele resolveu dormir.
     Era o terceiro dia de Joseph em Ivok e ele não queria mais estar ali. Não pelos fatos, mas porque ele não suportava o frio. Mesmo com todo aquele sistema de aquecimento, ainda era frio. Mas era seu segundo dia para suas investigações. Tomou seu rumo para a delegacia onde iria buscar os nomes dos suicidas, já que precisaria para procurar as famílias e checar no necrotério, se assim fosse possível.
     Na delegacia, Joseph deu-se conta de mais um fato que poderia ser uma coincidência e que poderia atrapalhar suas investigações, ou não. Todos os que estavam mortos não tinham família e morreram como indigentes, já que não havia ninguém para dizer quem era. Um passo a menos para Joseph, que não precisaria ir conversar com as famílias.
     Demorou metade de seu dia, mas conseguiu permissão para olhar os corpos. Foi guiado pelo próprio delegado até o local, onde o deixou e o alertou mais uma vez para não ficar nas ruas da cidade após anoitecer, pois poderia morrer congelado.
     Ao ver os seis corpos se deu conta que não era mais um coincidência. Ou todos se conheciam, ou foram mortos pela mesma pessoa, os marcando. Em seus pescoços, marcas de corda, indicando que foram enforcados. E assim foram encontrados. Seus corpos estavam com sinais de que foram congelados. Parecia que não morreram enforcados, mas de frio e após isso veio a corda em seus pescoços. Um último detalhe chamou sua atenção, um pouco antes de guardarem os corpos novamente, mas todos tinham uma tatuagem em seu ombro direito. Uma estrela de seis pontas e um cálice no meio. O que isso poderia significar? Joseph se perguntara enquanto reproduzia aquele desenho em seu caderno, se preparando para sua próxima parada, sua casa, e no dia seguinte, biblioteca.
     No dia seguinte, precisou de uma parada antes da biblioteca, pois seu Whisky já estava acabando com toda essa correria e frio. Seguiu seu caminho para a biblioteca onde procurou livros de simbolismo, que parecia ser comum naquela região.
     Um dia exaustivo de procura e leitura foi bem recompensado quando ele achou em um livro aquele estranho símbolo que fora visto nos corpos. Joseph se sentira extremamente feliz com a descoberta, já que estava cansado e sentira sua garrafa de Whisky praticamente chamar-lhe. Alugou o livro e foi para sua casa com sua garrafa de Whisky e descobrir o que era aquele símbolo afinal de contas. Resolveu ficar somente com o Whisky e deixou o livro para o dia seguinte.
     Ao analisar o livro, Joseph descobriu o que era aquele símbolo. Um trecho do livro dizia “(…) o cálice do renascimento não tomará sua forma sem seu sacrifício. A Deusa Khimev virá à terra e limpará o mundo dos impuros com sua morte branca. Seis destinos são selados e o mundo se tornará branco mais uma vez.(...)
     Será que Joseph estava se metendo com uma Deusa? A Deusa da neve? Não era possível, Joseph não acreditara nisso, já que era ateu.
     Ao olhar pela janela, viu que era mais um dia de nevasca, mas essa era mais leve que a outra, era possível que pessoas ficassem nas ruas ainda, devido ao sistema de vapor. Mas algo estranho fizera Joseph arrepiar. Ouviu um grito vindo de trás de sua casa. Correu para socorrer quem tivera gritado, mas não havia mais tempo. Nem escapatória. Havia uma roda de pessoas e lá estava a mulher novamente, sorrindo para ele como se não houvesse acontecido nada. Como se ela não estivesse ali. Joseph desviou o olhar para a multidão tentando ver o que ocorrera e olhou onde estava a mulher novamente. Havia sumido. O corpo, no mesmo estado: Enforcado em uma arvore e congelado. Sua camisa rasgada pendia-lhe o ombro direito e era possível ver aquele símbolo novamente. Mas há algo de diferente nessa morte. Essa garota era conhecida. Era a May, uma jovem de 16 anos puritana que morava à algumas quadras de onde Joseph morava. Será que era ela o tal cálice? Seis destinos e um sacrifício. Ele estava começando realmente a ficar assustado, e novamente um vento gelado em sua nuca, mas dessa vez ele pode ouvir palavras em seu ouvido. Elas diziam para ele em um tom doce e aveludado lentamente até que ele entendesse que dizia “Próximo”. Ele correu o máximo que pode para o mais longe possível mas o vento continuava a soprar. Ele perguntara a si mesmo varias vezes porque ele. Até que ouviu novamente em seu ouvido os dizeres: “A morte branca não pode ser detida nem conhecida.” Mas Joseph sabia como deter. Sabia como escapar. Ele vira em todas as cenas o mesmo agravante: não havia o vapor. Não morreria congelado se não tivesse como a neve o alcançar.
     Correndo de volta para seu apartamento, onde saberia que encontraria o livro que poderia deter aquilo e um sistema que lhe protegeria por tempo o suficiente, percebeu que a neve ficara mais pesada e densa à medida que chegava perto dele. Seria o fim se não fosse rápido.
     Entrou em seu apartamento o mais rápido o possível e trancou a porta e fechou as janelas. Sentiu-se seguro ali dentro. Pegou o livro e começou a folheá-lo rapidamente na procura de algo que pudesse lhe salvar. Qualquer coisa agora seria útil. Seu ceticismo foi totalmente destruído e qualquer ajuda no momento seria perfeita para ele. Nada. Foi isso o que encontrou.
     Então o vento gélido em sua nuca. Um grande barulho antecedido de um tremor assustou-o e tudo ficou frio. Ele sabia. Seu sistema fora congelado. Ali era o fim. Se não fosse por aquela janela ao seu lado. Estava trancada, mas era vidro. Joseph chocou-se contra a janela, estilhaçando-a e caindo na calçada. Conseguira fugir, mas não para sempre. Ele já sabia a fraqueza de Khimev, e ele mataria uma Deusa. Ele faria o impossível.
     Correra com todas as suas forças para o centro da cidade, onde era o centro de distribuição de todos aqueles canos por ondem saiam vapor. Era o local perfeito. Mas o frio estava cada vez maior. A Deusa estava cada vez mais perto dele. Tinha que ser rápido.
     Adiantou-se entre os guardas do local sem dar explicações e fora perseguido pelos mesmos. Mas por pouco tempo. Os guardas foram congelados pela onda de gelo que vinha buscar Joseph. Uma onda de morte e destruição o seguira até o local, mas estava para acabar.
     Um pé de cabra foi pego no canto de uma parede às pressas enquanto se dirigia para a sala da caldeira, o coração da cidade de Ivok. Era tudo ou nada, ele morreria ou a Deusa deixaria de existir. Aguardou. Sentira o frio subir suas costas. Ela estava ali.
    Aparecera em sua frente e, no momento em que preparou seu sopro gelado, Joseph acertou com o pé de cabra uma das entradas da caldeira, quebrando a junção e jorrando vapor em direção à Khimev, que guinchara e começara a se debater e, naquela tarde onde um pequeno quadrante da cidade ficaria sem seu sistema de aquecimento por algumas horas, ouviu-se o vento sussurrar um grito de dor.
    Era o fim de Khimev. Joseph não ficaria nem mais um minuto naquela cidade. Correra para a estação e pegara o primeiro trem para fora dali. Não queria saber o que aconteceria após aquilo. Fora embora. Era o fim disso tudo para ele. Até do jornalismo.
    Em sua cidade natal, dois dias depois, se lia a manchete: “Ivok, a cidade prospera em meio a neve.”. O frio extremo diminuíra. A razão daquilo estava destruída. Ele destruíra. Ele matara uma Deusa.
     Naquela noite, não se notara, mas um floco de neve caíra no telhado da prefeitura.

sábado, 19 de janeiro de 2013

As sete espadas de runa. PT V


     Aquela manhã havia começado cedo para todos. Mathias, Jace e Bruna seguiam à frente da comitiva e dois passos atrás, talvez três, se encontrava Altair, mais atento que nunca para os perigos que aquela estrada poderia lhes apresentar. O elfo, que atacara Bruna anteriormente, estava ainda desacordado em uma pequena carroça adquirida ao sair da cidade, que também carregava alguns suprimentos.
     Altair não parara de reparar naquela adaga, ainda na cintura de Bruna e adiantou-se entre o trio. – “Com licença, senhorita, mas posso dar uma olhada nessa adaga? Eu realmente a devolverei a ti, mesmo que eu ache que sua arma seria o arco, não?” – Apontou para o arco apoiado em seu ombro. – “Claro, sem problema algum. E só para você saber, espertinho, arqueiros são muito bem necessitados de armas leves de curto alcance, no caso uma adaga, como esta.” – Entregou a adaga para Altair, com certo tom de insolência e infantilidade em sua voz.
     A adaga era curta e curva, com o seu punho de ouro e cravejado em rubi, algo muito interessante, já que as pedras eram extremamente raras de serem achadas naquela ilha, e sua lamina era de um aço azul extremamente afiado cuja sua curvatura permitia que as luzes do sol refletissem em direções opostas em todos os seus ângulos. Apenas uma civilização poderia forjar aquilo. Uma civilização perdida no tempo. Tritões. Aquilo era uma lamina atlântis. Conhecidas por serem as laminas mais letais do planeta por seu corte que nunca perde o fio e por serem ótimas armas para se envenenar, já que sua curvatura, com um perfeito manuseio, permitiria que o veneno ali aplicado durasse até uma semana.
     Ao entregar a adaga de volta para Bruna, Altair completou: - “Cuidado garota, você carrega algo extremamente perigoso com você, empunhe isso para a pessoa errada e você terá problemas..” – Bruna recolocou a adaga em sua cintura e retrucou aquele homem sério com um sorriso juvenil no rosto, que mais lembrara uma garota conversando com suas amigas. – “Calma, grandão, eu sei para que lado eu devo atirar uma flecha, você não acha que eu não saberia com que mão eu deveria usar uma adaga?” – Riu e continuou a caminhar.
     “Sabe, Mathias, para um garoto da sua idade, você foi bem corajoso lá trás, tem se mostrado melhor que a encomenda, hein!” – Jace caçoou de Mathias, já esperando uma resposta. – “Eu sempre procurei alguma aventura, e não é quando surge uma que eu vou correr!” – Respondeu Mathias, demonstrando euforia ainda pelo acontecimento e relembrando móveis correndo atrás dele e pratos voando acima de sua cabeça.
Φ
     Já passara do meio dia, quando todos pararam para descansar. Mathias e Bruna aproveitaram para checar o elfo que parecia melhor, apenas com um leve corte em suas costas, que já parecia estar cicatrizando, graças à sua pele de elfo que lhes permitem uma alta velocidade de recuperação.
     “Qual seu nome, elfo?” – Um Mathias sorridente perguntou para a pequena criatura indefesa. – “Vamos, venha conosco! Venha se divertir!” – Estendeu a mão para o mesmo.
      A criatura abriu a boca e hesitou em pegar a mão de Mathias, enquanto encarava Bruna, atrás do mesmo. A maldição controlava o corpo, mas não a mente. Ele vira tudo e tinha medo do que podia acontecer.
     “Darrk Karr Et Doshkak.. Ni Triron Kanot..” – Disse em élfico. Mathias não entendia aquilo. Não fazia nenhum sentido para o garoto, mas Bruna, sabia o que aquilo significava. Em sua infância ela aprendera muitas coisas, principalmente élfico, já que fora criada por uma bruxa. – “Calma, garoto, deixa eu te dizer o que ele falou.. Ele disse que seu nome é Karr e que está arrependido pelo que fez a mim..” – Bruna olhou para o elfo, que tentou esconder-se atrás de um pedaço de pano que outrora serviu de cobertor para o mesmo. – “Kiriat Nod Noev Astri Ope! Adsc Bert, Karr!” – Disse Bruna que logo olhou para Mathias e traduziu. – “Disse para se aproximar que não lhe faremos mal, que não estamos bravos com ele e que queremos que se junte a nós, mas como SEU seguidor, garoto.” – Mathias olhou espantado. Como aquela garota fizera isso? E porque? Ele não sabia falar élfico e o elfo não sabia falar o idioma humano. – “Mas antes disso, eu vou ensinar Daryou para ele, para vocês poderem se comunicar, não é mesmo, Karr?” – O elfo sorriu.
     Daryou era a língua nativa de todos dali. Era conhecida como a língua humana. Veio de uma infinidade de mistura de culturas de povos antigos e outras línguas de criaturas como elfos. A língua sofreu diversas mutações até o que se foi dito como língua mundial.
     E assim se seguiu para Hillstone, a colina. Com Bruna carregando Karr em seu ombro e ensinando-lhe Daryou e Jace e Mathias admirando a paciência e habilidade daquela garota para ensinar. Estavam encantados. Jace principalmente.
Φ
     Em Hillstone se encontrara um antigo posto de controle e observação da guarda real. Era o primeiro destino de Jace, Mathias, Bruna, Altair, Karr e os outros soldados quais os acompanhavam.
     Ao abrir a porta do pequeno forte, Altair se assustou. Aquele lugar estava abandonado havia anos. Estava totalmente devastado pelo tempo. Ou pelo menos assim parecia. – “Vamos, temos muito trabalho a fazer. Se vamos passar um tempo aqui, precisamos deixar esse lugar habitável. Mãos à obra, homens!” – Ordenou para seus soldados, com um leve sorriso no rosto. Aquele lugar lhe trazia paz, pois para si mesmo, aquilo era um copo de agua no deserto. Um lugar onde poderia relaxar um pouco. Enfim estavam em seu primeiro destino.
     Fora dito que ali estariam escondidas duas das espadas que precisavam. Foram encontradas a muito tempo atrás e ali guardadas, longe de todo o perigo de serem descobertas e ao alcance de quem sabia do paradeiro delas. Estavam nos aposentos de guerra. Isso significava uma única coisa. Passagens subterrâneas. Mas onde?
     Já escurecia ao olhar pelas janelas do local e estava quase impecável de limpo. Aqueles soldados eram bons em tudo que faziam. Decidiram repousar antes de começar a procura das duas primeiras espadas.
Φ
    Ao raiar do sol, começara a busca para a entrada subterrânea. Por ser um salão de guerra, suas entradas eram secretas, então teriam problemas para procurar. Mas ali tinham um elfo. E elfos são bons em procurar e achar. Não tardara e antes do meio dia Karr havia achado um alçapão que dava para os tuneis que levariam todos para o salão de guerra.
    Como se aproximara do meio dia, descansaram todos e decidiram que assim que o sol apontasse aproximadamente duas horas da tarde, iriam prosseguir.
    E assim foram. Altair se preparou para abrir o alçapão e descer. Na hora que abriu, era possível sentir um odor pesado tomar conta do ambiente. Ao descer, fora descoberto o porque daquele odor. Corpos. Corpos de todos que ali habitavam. Eram em torno de 20 corpos. Em decomposição. Por isso estava abandonado. O posto foi atacado. E o túnel subterrâneo descoberto. As espadas poderiam ter sido roubadas. 

domingo, 2 de dezembro de 2012

As sete espadas de runa. PT IV


     Já estava anoitecendo quando aquela comitiva de 71 pessoas havia chegado em Riverhide, a cidade dos Rios. A mesma tinha esse nome devido à sua estrutura. Foi uma cidade planejada criada em cima de um rio, onde o mesmo servia para o abastecimento da cidade e irrigação das plantações que se encontravam ao redor dela. Era possível observar bombas de agua e tubos às margens do rio indo para vários locais da cidade. Era um lindo lugar, cheio de arvores e vívido com um aroma leve de grama até mesmo no centro da mesma.
     “Vamos, temos que encontrar um lugar para pernoitar. Algum de vocês sabe um bom local para descansarmos?” – Disse Jace, apontando para Mathias e Bruna. A mesma assentiu com a cabeça. – “Ótimo! Vamos então, nos guie até esse local.” – E seguiram a ladra arqueira que se juntara ao grupo recentemente, jurando lealdade ao seu capitão Jace.
     Era uma pousada grande o suficiente para todos. Aquele casarão que aparentava ter mais de 150 anos estava muito bem conservado. Na recepção, uma senhora de cabelos brancos e amarrados no topo de sua cabeça estava sorridente ao ver tantas pessoas em uma mesma noite. – “Oh, visitantes! Ótimo! Venham por aqui, só preciso que assinem o livro de entrada e me digam quantos quartos vão querer e eu lhes darei a chave!” – Disse aquela senhora, saltando do balcão e se mostrando menor do que aparentava, pegando um livro atrás de uma estante atrás da mesma. – “Vejo também que estão em boa companhia!” – Sorriu ao ver Bruna. Ambas se conheciam. Jace não se importou em perguntar. Não ali, não naquela hora.
     “Vamos precisar de todos os quartos, minha senhora, e não se preocupe, nós pagaremos.” – Disse Altair, colocando um saco de moedas de ouro em cima da mesa e assinando o livro. – “Vamos homens, se distribuam entre os quartos. Vamos evitar problemas.” – Altair sabia o que fazia. Alugando todos, ele impedia que houvesse um ataque surpresa de alguém que já estivesse lá ou que atacasse o quarto exato onde se encontrava Jace. E assim foi feito. Homens subiam as escadas e se distribuíam entre os aposentos.
Φ
     Jace havia tirado suas vestes que vestira o dia inteiro e se deitado na cama. Estava observando aquele quarto que mais parecia uma casa de família. Era bem confortável, na verdade.
     O silencio reinava no casarão quando uma janela se abriu. Um vulto pequeno e ligeiro entrou pela mesma. O vulto era ágil e se esgueirava pelos quartos. Estava procurando algo. Ou alguém.
     Ninguém havia notado a presença daquele vulto. Também não era para menos. Ele sabia ser discreto. E havia encontrado o que queria. Havia achado o quarto de Bruna.
     Um grito. Altair correu para o quarto da garota e arrombou a porta. Ela estava segurando uma figura de não mais de 50 centímetros que aparentava carregar uma adaga deformada. Ao acender as velas, foi visto o que era. Um Elfo. Tais criaturas não passam de 70 centímetros, com orelhas longas e pontudas, seus olhos gigantes emitem pureza e tendem a ser dóceis. A não ser que sejam enfeitiçados por bruxas para assassinatos. E aquele estava enfeitiçado. O selo em suas costas, que mais parecia um uma gota de agua com olhos, era a marca de magia de controle. Era comum elfos serem enfeitiçados para assassinatos por serem facilmente atingidos por magia e ágeis para tais atos.
     Altair rapidamente acertou a cabeça da criatura com o cabo de sua espada e a desmaiou. Aproveitando o momento, Bruna rapidamente arrancou a adaga da mão do mesmo e usou a mesma para riscar a marca do feitiço e liberar o elfo. Podia parecer brutal, mas era o único método. Ou matá-lo.
     “Aquela velha maldita! Eu vou cortar o pescoço dela com a adaga daquela desgraçada!” – Rosnou Bruna, acordando os poucos soldados que ainda não haviam acordado por estarem mais distantes.
     “O que houve? Porque não nos conta o que está acontecendo, senhorita?” – Disse Jace, ofegante ao entrar no quarto e impedindo a garota de sair do quarto, segurando-a.
     “Aquela desgraçada ali debaixo é uma Bruxa.” – Mathias havia acabado de entrar no quarto. – “E creio que ela achou que eu havia a traído e trouxe-lhes para queimá-la.”
     Todos naquele local sabiam: em tempos passados, houve uma época que foi feita uma caçada por todas as bruxas devido a morte de uma única garota. A de uma princesa. Mas era passado. Após isso, não era comum encontrar bruxas, que se escondiam com medo do que pudesse acontecer com elas. Mas somente as mais antigas sabiam desse passado e ainda se escondiam.
     Olhos apareceram em todas as paredes. Era mais um feitiço. – “Corram! Para fora daqui! Todos!” – Jace começara a guiar seus homens. Móveis começaram a correr atrás deles e tudo o que pudesse ser arremessado, era. Correndo com Bruna ao seu lado, Jace prosseguiu: “Se você sabia que ela era uma bruxa, porque nos trouxe aqui, garota lerda?!”. Bruna abaixou a cabeça enquanto corria.
     “Ela era de minha confiança. Mas não mais. Não até tentar me matar.” – Continuou a correr ao lado de Jace, arrastando Mathias, que ouvia tudo calado. Aquilo podia ser o fim dele. Ou sua maior aventura.
     Todos já estavam fora da casa quando a mesma começou a pegar fogo. Aquilo era perigoso. Era para todos terem morrido ali mesmo. – “Estão todos aqui? Ou perdemos alguém?” – Altair contava os soldados para se certificar e notara algo a mais. Mathias carregava o elfo consigo. – “Garoto, você tem certeza que quer carregar isso contigo? Pode ser perigoso.”
Mathias olhara para a adaga retorcida guardada na cintura de Bruna. – “Tenho. Creio que não há mais perigo.” – Então consentiu Jace, apoiando a mão no ombro do garoto.
     O sol estava nascendo em Riverhide enquanto as chamas ardiam. Tinham que continuar a andar. Os perigos tendiam a aumentar.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

As sete espadas de runa. PT III


     Bruna era uma garota alta e na flor na idade, nos seus 20 anos, pelo menos era o que aparentava. Sua pele extremamente branca entregava que ela nem sempre fora dali. Não nascera ali. Era magra e tinha os cabelos negros e longos que iam em rabo de cavalo até a metade de suas costas. Seus olhos escuros refletiam tudo o que ela era: corajosa, forte, destemida e gananciosa. Isso a fazia ser o que era. Bruna era a chefe da guilda dos ladrões da montanha. Aquela garota que crescera nos campos em meio às arvores, pulando de uma em outra e caçando, ganhando uma imensa habilidade com seu arco e agilidade e que também surpreendia em um combate corpo-a-corpo com muitos homens, havia conquistado uma posição de respeito sem muito esforço. Afinal de contas, ela era uma ladra nata.
     “Acordem, seus moles, amanhã teremos um grande dia! Amanhã, nós conseguiremos o maior premio que poderemos ter. Uma cabeça real!” – Disse          Bruna entrando correndo no meio da noite convocando todos os ladrões da guilda.
     “E eu quero todos prontos, amanhã de tarde teremos que estar na ponte de Riverhide. Aquele que me atrasar a pegar meu premio, terá sérios problemas.” – E ela não estava mentindo. Uma cabeça real valia muito. Ainda mais de um capitão de frota. Ainda mais da frota especial. A cabeça de Jace. – “estarei em meus aposentos qualquer coisa, seus lacaios de merda!” – Saiu rindo e bateu a porta de seus aposentos, onde se sentou em sua escrivaninha e colocou os pés sobre a mesa e passou a admirar o quadro que ficava em frente a si. Aquele quadro onde parecia ser uma campina desenhada lhe trazia calma. Aquilo lembrava de seu passado. Adormeceu ali, por instantes. Horas talvez.
     A porta se abriu rapidamente batendo contra a parede e acordando Bruna, que se assustou e caiu da cadeira batendo a cabeça no chão, deixando-a em estado de alerta. “Filho de uma.. fala logo o que você quer, fiasco de gente.” – Rosnou Bruna para aquele homem que havia entrado em seus aposentos tão bruscamente.
     “Perdão, senhora, mas é que está quase na hora de partirmos e você não havia aparecido, então ficamos preocupados e mandaram-me vir buscar-lhe.” – O homem abaixou a cabeça, sentindo o olhar frio daquela garota que parecia que o mataria só com o olhar.
     “Vamos logo então, energúmeno. Junte todos e vamos partir. Rumaremos para a ponte de Riverhide.” – Então, com a ordem de Bruna, partiram para a ponte.
     Ao chegar à floresta, avistaram o comboio de soldados. Avistaram 80 homens, junto com um homem de armadura prateada, um ruivo e um garoto. Sabiam que precisariam observá-los para o momento certo de ataque e não falhar. E o fizeram. Por todo o caminho. Assim que os soldados pararam para descansar, os ladrões prosseguiram. Tinham que se posicionar no local.
     “Espadas, quero vocês trás daquelas arvores. Arqueiros, topo daquelas arvores. Quero que vocês mirem para matar, independente de quem seja. E que diachos essa ponte ainda está aqui?! Derrubem-na!” – E assim que deu a ordem, a ponte caiu e Bruna correu para perto de seu arqueiro principal, onde poderia ter uma visão melhor do campo de batalha. Eram 40 homens e 8 arqueiros. Aquelas flechas poderiam lhe dar vantagem. Deveriam.
     Avistaram os primeiros soldados.
     “Aguarde. Eles irão checar a ponte.” – Disse ela, abaixando a besta de seu arqueiro. Dito e feito, 4 soldados chegaram perto da ponte e assim que um deles manifestou-se, foi dada a ordem. – “Atire! No pescoço!”
     E a flecha acertou seu alvo.
Φ
     “Formação de defesa, agora!” – Bradou Altair, sacando sua espada e rapidamente entrou na formação de círculo em volta de Jace e Mathias. Sabia que aquilo era uma batalha ganha, se não fosse por aqueles arqueiros empunhando bestas.
     Os ladrões começaram a atacar aquela roda de soldados e mesmo sabendo que era arriscado e que estavam em desvantagem, pulavam para a batalha sem nenhum receio.
     “Quero 10 soldados agora. Peguem o equipamento a distancia e derrubem aqueles malditos. AGORA!” – e 10 homens seguiram suas ordens.
     Miguel, um dos soldados, preparou sua mira no arqueiro mais aparente e, assim que soltou sua flecha, outra atravessou seu peito. Engasgado com seu próprio sangue, viu aquele homem cair da arvore com o corpo já sem vida. Morreria, mas não seria em vão. – “Não trate de morrer, infeliz, temos outros para matar!” – Disse um de seus companheiros, levantando Miguel, retirando a flecha de seu peito e estancando a ferida com uma faixa de pano.
     A baixa de soldados estava sendo pequena, já que eles haviam algum treinamento. Sabiam o que faziam. Aquela formação os ajudara a cada soldado proteger o flanco do outro. Altair estava certo. O único ponto fraco daquela formação eram os arqueiros, que abatiam seus homens enquanto seus próprios arqueiros tentavam abate-los.
     Haviam perdido já 13 homens, contando com o que checou a ponte, mas os ladrões estavam em uma situação de risco. Dos 8 arqueiros, sobraram 2 que estavam tentando localizá-los ainda, e dos que estavam segurando espadas, restavam apenas alguns que insistiam em resistir.
     “Parem! Droga! PAREM.” – um urro feminino, mas poderoso veio de uma arvore não muito distante. Ninguém havia notado aquela garota ali. Quem diabos era ela? Nem mesmo Altair sabia dela ali. – “Eu quero que parem. Já houve muitas baixas. Desistam, homens, essa batalha não é nossa.” – Levantando a mão e impedindo, pelo que parecia ser seu pequeno exercito, de atacar. Aquela garota era a comandante.
     “Eu me rendo. Sei quando estou em desvantagem. Façam o que quiser comigo, mas poupem meus homens.” – Disse a garota, olhando para aqueles 15 homens que restara do que era seu pequeno exercito. – “Ou o que sobrou deles.”
     “Levante-se, olhe para mim, e diga-me seu nome, garota.” – Disse Jace, se aproximando dela com o olhar frio de quem não estava com bom humor.
     Aquela garota estava assustada. Sabia que encontraria problemas. Aquele ruivo lhe dava medo. – “Meu nome é Bruna, caro senhor.” – Levantando-se, porém não conseguindo olhar para Jace.
     “Você fez um belo estrago, Bruna. Matou 13 de meus homens e temos dois feridos gravemente.” – Disse, apontando pra Miguel e mais um que estavam sendo tratados por outros soldados com habilidades médicas. – “Mas já que disse, há algo que eu adoraria fazer com você. E se negar, estará em desonra.”
     Bruna olhou aquele homem com medo. Não sabia o que ele iria propor, mas poderia ser perigoso. Parecia ser perigoso.
     “Quero que junte-se a mim, já que você causou algumas baixas bem significantes na minha equipe. Pelo menos você e seus 2 arqueiros que restaram.” – Jace esticou a mão para Bruna.
     “Mas.. mas.. como?! E eu ainda?! Porque?! Eu matei seus homens! E tentei te matar!” – Bruna olhava espantada para aquele homem.
     “Sim, você os matou. E estou te dando uma chance de perdão. E para você ser a comandante desses caras… você deve ter excelentes habilidades. E não seria muito inteligente alguém que não tem habilidades alguém se esconder tão alto numa arvore e andar com um arco comum. Estou certo?” – Sorriu Jace. Aquele sorriso era cativante.
     “Sim, você está.. Eu vou. Mas meus homens ficam. Deixe-os livres. Ou isso, ou mate-me agora.” – Agora era a vez de Bruna estender a mão. Tremendo.
     “Trato feito então, senhorita. A partir de agora, você me pertence.” – Disse Jace, apertando a mão de Bruna, que corou ao ouvir aquilo, e sorrindo para ela. – “Então vamos! Mathias, tem outro caminho para Hillstone?”
     Mathias, ainda assustado com todo aquele acontecimento, pôs-se de pé e ainda em choque disse – “Sim.. 500 metros à leste daqui, há outra ponte..”
     Então assim marcharam. 67 soldados, Altair, Jace e Mathias haviam uma nova companhia. Bruna se juntara aquela jornada. Ou pelo menos assim o destino dela decidiu.